Na Gralheira o chão estava coberto de líquenes. Colhemos um saco deles, mesmo sem saber se seriam os mais indicados para tingir. À noite secaram junto à lareira e no dia seguinte, já em Lisboa, pu-los num tacho com água e deixei ferver uns minutos. Pareceu-me que a água não mudava de cor e achei que a experiência não ia resultar, mas juntei-lhes uma meada de Beiroa e deixei cozer em lume muito brando durante cerca de uma hora. Passado este tempo a lã tinha ganho uma cor dourada muito bonita. Não foi preciso juntar vinagre nem nenhum dos mordentes que muitos pigmentos naturais exigem para se fixar à lã.
É mais um tema que apetece estudar e experimentar. Algumas pistas de leitura:
Pigmentos e corantes naturais entre as artes e as ciências: resumos de um colóquio decorrido em Évora em 2005.
Plantas tintureiras: um artigo de Maria do Carmo Serrano, Ana Carreira Lopes e Ana Isabel Seruya.
A História e Técnica dos Tapetes de Arraiolos: tese de mestrado de Rita Carvalho Teixeira de Oliveira Marques que vou ler de fio a pavio.
Dyeing with Lichens & Mushrooms: do blog sobre cogumelos da Universidade de Cornell.
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